Aspectos contábeis e tributários do PIS e da COFINS sobre importação

A tributação sobre importações no Brasil é um tema fundamental para empresas que operam no comércio exterior. Entre os tributos incidentes, destacam-se o PIS-Importação e a COFINS-Importação, que possuem regras específicas e impacto significativo nos custos operacionais. Entender essas contribuições é essencial para a gestão eficiente e o planejamento estratégico das operações de importação.

Quem é o sujeito passivo nas importações?

O sujeito passivo, ou contribuinte, é quem tem a responsabilidade de pagar os tributos. Nas importações, essa figura pode variar dependendo do tipo de operação.

Para a importação de bens, o contribuinte é o importador, que pode ser tanto pessoa física quanto jurídica. Além disso, a legislação equipara ao importador o destinatário de remessas internacionais e o adquirente de mercadorias entrepostadas.

No caso da importação de serviços, o contribuinte será a pessoa física ou jurídica que contrata serviços de um residente ou domiciliado no exterior. Se o contratante também estiver no exterior, o beneficiário do serviço é quem assume essa responsabilidade.

Além disso, existem os responsáveis solidários. Eles incluem adquirentes em operações por conta e ordem, transportadores, representantes de transportadores estrangeiros e outros envolvidos na cadeia logística. Esses responsáveis devem garantir o pagamento dos tributos, independentemente do contribuinte principal.

Como calcular o PIS e a COFINS sobre importação?

O cálculo dessas contribuições envolve dois elementos principais: a base de cálculo e a alíquota aplicável. Cada tipo de operação tem suas especificidades, tornando necessário compreender os detalhes para evitar erros.

Base de cálculo

Para a importação de bens, a base de cálculo é o valor aduaneiro. Esse valor, estabelecido por normas internacionais, considera o preço da mercadoria, custos de transporte e seguro até o território nacional. O valor aduaneiro também serve de referência para outros tributos, como ICMS e Imposto de Importação.

Já na importação de serviços, a base de cálculo é composta pelo valor pago ao prestador, acrescido de tributos como ISS e das próprias contribuições. Esse modelo busca abranger todos os elementos financeiros envolvidos na contratação.

Alíquotas

A alíquota do PIS-Importação é geralmente de 2,1%, enquanto a da COFINS-Importação é de 9,65%. No entanto, produtos e serviços específicos podem ter alíquotas diferenciadas, conforme a classificação fiscal (NCM) ou determinações legais.

Por exemplo, itens como medicamentos, veículos e máquinas possuem alíquotas distintas, adaptadas à sua importância econômica ou social. Além disso, a legislação permite a redução de alíquotas a zero para determinados produtos, incentivando setores estratégicos ou reduzindo o impacto em itens essenciais.

Exemplo prático

Imagine que você importe uma mercadoria com valor aduaneiro de R$ 200,00. Aplicando as alíquotas padrão:

  • PIS: R$ 200,00 x 2,1% = R$ 4,20
  • COFINS: R$ 200,00 x 9,65% = R$ 19,30

O total a pagar seria R$ 23,50. Esse exemplo demonstra como os tributos impactam diretamente o custo final da operação.

Isenções e reduções

A legislação brasileira prevê diversas hipóteses de isenção e redução tributária, visando incentivar determinados setores ou aliviar a carga tributária em situações específicas. Conhecer essas possibilidades é essencial para otimizar os custos de importação.

Isenções

Isenções podem ocorrer devido à natureza do importador ou ao tipo de mercadoria. Por exemplo:

  • Mercadorias destinadas a entes públicos ou organizações internacionais;
  • Amostras sem valor comercial;
  • Bagagens de viajantes;
  • Produtos adquiridos em lojas francas;
  • Bens importados sob regimes aduaneiros especiais, como drawback.

Essas isenções exigem comprovação documental, sendo fundamental planejar as operações e reunir os documentos necessários para evitar problemas com a Receita Federal.

Redução de alíquotas

A redução de alíquotas pode ser aplicada para produtos específicos definidos pela legislação. É comum em setores estratégicos como saúde, tecnologia e infraestrutura. Por exemplo, medicamentos essenciais e produtos hospitalares frequentemente possuem alíquotas reduzidas ou zeradas.

Essa estratégia permite reduzir o custo de importação, tornando os produtos mais acessíveis e competitivos no mercado interno.

Benefícios fiscais: uma ferramenta de redução de custos

Além das isenções e reduções, o Brasil oferece benefícios fiscais específicos para operações de importação. Esses benefícios são instrumentos legais criados para atrair investimentos e fomentar a economia regional ou setorial.

Um exemplo notável é o benefício fiscal do estado de Alagoas, que reduz significativamente os custos com ICMS. Nesse modelo, o importador pode desembaraçar a mercadoria em qualquer porto ou aeroporto do país, aproveitando uma redução de até 90% no ICMS devido.

Como funciona?

Esse benefício utiliza a compensação de dívidas tributárias com créditos adquiridos de servidores públicos. O importador negocia esses créditos com deságio, reduzindo o valor efetivo a ser pago ao estado.

Por exemplo, se uma empresa tem um débito de ICMS de R$ 50.000, pode adquirir créditos de servidores por R$ 35.000. Assim, a operação torna-se mais vantajosa financeiramente.

Planejamento tributário

Para usufruir desses benefícios, é essencial realizar um planejamento tributário detalhado. Esse processo envolve avaliar a situação fiscal da empresa, identificar oportunidades de economia e implementar estratégias que garantam o cumprimento das obrigações legais.

Dicas práticas para reduzir custos

Reduzir os custos tributários em importações exige conhecimento e estratégia. Aqui estão algumas dicas para ajudar no processo:

  1. Estude as regras específicas: cada produto e serviço possui regras próprias de tributação. Conhecer a legislação aplicável evita surpresas desagradáveis.
  2. Classifique corretamente os produtos: utilize o NCM correto para garantir que a tributação seja adequada. Erros na classificação podem gerar multas e custos adicionais.
  3. Aproveite regimes especiais: analise a possibilidade de utilizar regimes como drawback ou entreposto aduaneiro para reduzir a carga tributária.
  4. Conte com especialistas: trabalhe com consultores especializados em comércio exterior para identificar oportunidades de economia e evitar riscos fiscais.
  5. Negocie com fornecedores: em alguns casos, é possível ajustar o preço de aquisição para minimizar o impacto tributário.

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Conclusão

O PIS e a COFINS sobre importação são tributos que impactam significativamente o custo das operações no comércio exterior. No entanto, com conhecimento e planejamento, é possível minimizar esses custos e tornar as importações mais competitivas.

Entender a base de cálculo, as alíquotas aplicáveis e as possibilidades de isenção ou redução são passos fundamentais. Além disso, explorar benefícios fiscais, como os oferecidos por estados brasileiros, pode trazer vantagens financeiras relevantes.

Portanto, investir em planejamento tributário e buscar o apoio de especialistas são estratégias indispensáveis para qualquer empresa que deseja se destacar no comércio internacional e maximizar seus resultados.

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Lucas Morero
Lucas is an experienced finance writer serving in the BFSI industry for a long time. He curates well written content on complex topics such as taxation.

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