Quando se trata de PIS e COFINS, entender e aproveitar os créditos disponíveis é essencial para uma gestão tributária eficiente. Muitas empresas perdem oportunidades valiosas por desconhecerem ou não aplicarem corretamente as regras de créditos.
Vamos explorar as regras gerais, as diferentes abordagens teóricas e práticas recomendadas para garantir que você esteja aproveitando todos os créditos possíveis, minimizando riscos e maximizando benefícios fiscais.
Regras gerais para o aproveitamento de créditos
Os créditos de PIS e COFINS são fundamentais para a não cumulatividade dessas contribuições. É essencial conhecer as leis que regem esses créditos. A legislação básica, incluindo as Leis nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003, define quais custos e despesas podem gerar créditos.
Segundo essas leis, os créditos podem ser apurados sobre insumos adquiridos, serviços utilizados, e outros custos operacionais. Manter-se sempre atualizado com a legislação aplicável é crucial, pois pequenas mudanças podem impactar significativamente a apuração dos créditos. Uma dica importante é manter uma equipe especializada ou utilizar softwares que auxiliem na gestão tributária.
Princípio constitucional e legalidade
Há duas correntes principais sobre a não cumulatividade do PIS e COFINS: a constitucionalista e a legalista. A corrente constitucionalista defende que a não cumulatividade é um princípio constitucional, permitindo um amplo aproveitamento dos créditos.
Já a corrente legalista sustenta que o legislador pode restringir os créditos a serem aproveitados. Por exemplo, no caso de despesas com propaganda, a corrente constitucionalista permitiria o aproveitamento dos créditos, pois são necessários para gerar receita. A corrente legalista, porém, seguiria apenas o que está explícito na legislação.
Entender essas duas correntes é crucial para a correta aplicação dos créditos. Na prática, muitas vezes é necessário interpretar as normas de acordo com as decisões dos tribunais e as posições do fisco.
Importância das alíquotas
Ao apurar os créditos, as alíquotas aplicáveis são essenciais. As alíquotas padrões são de 1,65% para o PIS e 7,6% para a COFINS. Esse cálculo deve ser feito independente da alíquota paga na etapa anterior.
Por exemplo, mesmo que uma empresa do regime cumulativo tribute a 0,65% e 3%, o crédito será aproveitado nas alíquotas de 1,65% e 7,6%. Utilizar software de gestão tributária pode ajudar a automatizar a apuração e evitar erros que possam resultar em penalidades.
Produtos com NCM ou tributação incorreta
É comum encontrar produtos tributados incorretamente, como alíquota zero por engano. Nestes casos, a empresa pode aproveitar os créditos se, de fato, o produto deveria ter sido tributado. A legislação é clara que a análise deve ser baseada no que está correto pela lei, não pelo documento fiscal.
Assim, se um produto vendido com alíquota zero deveria ter sido tributado, os créditos de PIS e COFINS podem ser apropriados, pois a não cumulatividade das contribuições está focada na legislação e não apenas nos documentos fiscais. Esse cuidado é essencial para evitar problemas com o fisco e garantir que todos os créditos possíveis sejam devidamente aproveitados.
Aquisições de empresas do simples nacional
Empresas do simples nacional não podem transferir créditos, mas isso não impede as demais empresas de aproveitar créditos sobre essas aquisições. As pessoas jurídicas do regime não cumulativo podem descontar créditos pelas aquisições feitas dessas empresas, aplicando as alíquotas normais de 1,65% e 7,6%.
Ao fazer compras de fornecedores do simples nacional, é essencial registrar e controlar os documentos fiscais corretamente para garantir a apuração dos créditos. Uma prática recomendada é manter um sistema de controle de compras que identifique claramente a origem dos produtos e serviços adquiridos.
Crédito na competência
Os créditos de PIS e COFINS devem ser apropriados conforme o regime de competência, ou seja, no momento da aquisição dos bens e serviços, independentemente do pagamento. Isso significa que o crédito pode ser registrado antes do desembolso financeiro.
Por exemplo, se uma empresa adquirir matéria-prima em dezembro, mas pagar em janeiro, o crédito deve ser apropriado em dezembro, seguindo o regime de competência. Esse método garante que os créditos sejam reconhecidos no período correto, facilitando a gestão financeira e tributária da empresa.
Despesas compartilhadas em grupo econômico
Em grupos econômicos, é comum o compartilhamento de despesas. Nestes casos, a empresa que paga a despesa inicialmente pode distribuir o custo entre as empresas do grupo. As demais empresas podem apropriar os créditos proporcionalmente às suas participações.
Um exemplo prático é quando uma empresa de um grupo econômico compra material de escritório para todo o grupo. Cada empresa do grupo pode registrar uma parte proporcional do crédito de PIS e COFINS. Esta prática deve ser bem documentada para evitar questionamentos futuros.
Consórcio e sociedade em conta de participação (SCP)
Nos consórcios, os créditos relacionados ao PIS e COFINS são apropriados pelas empresas participantes, proporcionalmente às suas participações. Já nas SCPs, a sócia ostensiva é quem controla e aproveita os créditos.
Manter uma comunicação clara e registros detalhados entre as empresas participantes do consórcio ou SCP é vital para garantir a correta apuração e apropriação dos créditos. A transparência e a correta documentação são essenciais para a gestão eficiente desses arranjos societários.
Estorno de créditos
Os créditos devem ser estornados se os bens adquiridos para revenda ou produção forem furtados, destruídos ou destinados a outros fins que não os originais. Isso evita que créditos sejam mantidos indevidamente.
Por exemplo, se uma empresa compra matéria-prima, mas parte dela é destruída em um incêndio, os créditos relativos a essa matéria-prima devem ser estornados. Manter um controle rigoroso sobre o destino dos bens adquiridos é fundamental para evitar erros na apuração dos créditos.
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Conclusão
A gestão eficiente dos créditos de PIS e COFINS requer atenção contínua à legislação e às práticas contábeis. Manter-se atualizado e utilizar ferramentas adequadas pode fazer uma grande diferença na maximização dos créditos e na minimização de riscos tributários.
Com essas dicas e exemplos práticos, você estará mais bem preparado para navegar as complexidades desse tema e garantir o melhor aproveitamento dos créditos disponíveis. Adotar uma abordagem proativa e bem-informada pode resultar em economias substanciais e em uma melhor conformidade com as obrigações tributárias.
A diligência nesse processo não só protege a empresa de riscos legais como também potencializa os benefícios fiscais, contribuindo para uma gestão financeira mais eficiente e estratégica. Além disso, investir na capacitação contínua da equipe responsável pela gestão tributária pode trazer vantagens competitivas significativas, garantindo que a empresa esteja sempre em conformidade e aproveitando ao máximo as oportunidades legais.